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Cicloturismo: pedalar e viajar

Uma modalidade de turismo que beneficia a saúde mental e física, conectando pessoas e lugares.

Maeli Costa


“Turistar” de bike, já se imaginou fazendo isso? Se esse nome lhe parece novo, saiba que essa “modalidade” de turismo não é tão nova assim. A forma de organizar viagens e passeios pensando em meios de locomoção mais comuns como carros, motos e aviões não é mais exclusividade. Atualmente, para muitos viajantes, a bicicleta guardada na garagem tem uma nova funcionalidade.


E ainda que para algumas pessoas pegar uma bicicleta e pedalar seja apenas sinônimo de exercício físico, para quem já aderiu a essa prática, a lógica do pedal se mostra mais atrativa - além de benéfica para a saúde.


Essa modalidade de turismo, com adeptos espalhados por todos os cantos do Brasil e do mundo, tem conquistado cada vez mais aventureiros nos últimos anos. Em 2020, os números das vendas de bicicletas saltaram em meio à pandemia de Covid-19, chegando a registrar um aumento de 50% em comparação ao ano anterior, segundo a Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas). No mesmo ano, pesquisas pelo termo “cicloturismo” se tornaram ainda mais frequentes.


Como começou

Mesmo parecendo recente, essa prática já existe há um bom tempo. E isso é o que a história e os ciclistas, tanto profissionais quanto amadores, presentes em todos os lados, pistas e rotas, nos contam.


Segundo o Clube de Cicloturismo do Brasil, o surgimento do cicloturismo no país, ao pensar em números mais expressivos de praticantes, aconteceu após a chegada das bicicletas do tipo mountain bike, na década de 80. Com as bicicletas de MTB, preparadas para diferentes terrenos, houve um interesse maior em explorar áreas rurais e realizar passeios fora das cidades, conforme informa o site do clube. Em um relato da história dessa atividade, foi nesse período que as primeiras agências especializadas em turismo de bicicleta surgiram.


E por falar em história...

Desde então, desbravar grandes centros urbanos à estradas de terra tornou-se uma atividade que movimenta não apenas as duas rodas da bicicleta, mas todo um ecossistema. E isso porque, com mais uma categoria de turismo, diversas demandas e oportunidades surgiram para esse segmento da economia.


Na atualidade, além da movimentação natural do mercado para aderir a essa prática, o varejo conta com muito mais do que a venda de bicicletas. Para quem está disposto a investir nessa experiência, há uma gama completa de equipamentos e acessórios específicos para os cicloturistas.


Por outro lado, é válido mencionar que para aderir a esse movimento, não é obrigatório um alto investimento logo de entrada. Afinal, não é preciso ir longe para ser um praticamente do cicloturismo: o objetivo é promover uma interação única com as paisagens e locais visitados, unindo lazer e mobilidade em uma verdadeira contemplação cultural.


Lugares para visitação

Um exemplo de quem já pedalou muito e foi longe com uma bicicleta é o casal Fernanda e Tiago. Apresentadores do podcast ‘Moradores do Mundo', compartilham diversas histórias das viagens realizadas pelo mundo. Neste episódio,  o casal relata seus passeios de bike pela Europa. 


Mas não é preciso viajar para a Europa para se beneficiar do que o cicloturismo pode oferecer. Em um país como o Brasil, os atrativos culturais são muitos: de belezas naturais e arquitetônicas, até históricas. E para os diferentes perfis de viajantes, diversos percursos podem ser explorados, com possibilidades de duração dos passeios adequadas para o que o cada praticamente se propõe.


Dessa forma, se torna perceptível que não é preciso um conceito estético para essa prática. Basta incluir uma bicicleta como meio de deslocamento ao visitar museus, galerias e parques e o start foi dado. 


A primeira rota criada para o cicloturismo é uma oportunidade cativante: são mais de 300 quilômetros de circuito! O Circuito do Vale Europeu, localizado no estado de Santa Catarina, inaugurou no Brasil uma rota oficial de cicloturismo no ano de 2006. Para esta realização, a administração estadual convidou os fundadores do Clube de Cicloturismo do Brasil, Eliana Garcia e Rodrigo Telles, que colaboraram com o projeto, em conjunto com a Secretaria do Turismo.


Além desse, Santa Catarina implementou outros dois circuitos de cicloturismo: o Circuito Costa Verde & Mar e o Circuito das Araucárias, em 2009 e 2012, respectivamente. Timbó, o município que marca o início e finalização do Circuito do Vale Europeu, tornou-se em 2023, a capital nacional do cicloturismo.


O estado do Rio Grande do Sul também possui rotas para a prática desse turismo. Passando por cidades da Região Metropolitana, Vale dos Sinos, Encosta da Serra e Serra, a Rota Romântica percorre São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Presidente Lucena, Linha Nova, Picada Café, Nova Petrópolis, Gramado, Canela e São Francisco de Paula, totalizando 355 quilômetros de paisagens incríveis.

Já o Circuito de Cicloturismo Raízes Coloniais, contabiliza pouco mais de 297 quilômetros e conta com altitude de 5.639 metros. Os municípios que fazem parte do roteiro são Vera Cruz, Vale do Sol, Herveiras, Sinimbu, Venâncio Aires, Vale Verde, Passo do Sobrado e Rio Pardo, além de Santa Cruz do Sul - o tempo indicado para realização do trajeto é de 5 dias.


NOTA DA REPORTAGEM: enquanto esta reportagem é escrita, o estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma de suas piores tragédias climáticas. Muitos municípios ainda se recuperam das perdas e consequências deixadas pelas chuvas. Em virtude disso, os roteiros de cicloturismo citados anteriormente, e que pertencem ao estado, estão, temporariamente, com suas atividades paralisadas. Confira informações nos sites e, também nas mídias sociais destas organizações: Rota Romântica: Instagram e contato@rotaromantica.com.br / Raízes Coloniais: Instagram, Facebook e contato@circuitoraizescoloniais.com

Quem já pedalou muito pela estrada

Tudo começou com tirar um tempo para si mesmo. É o que conta José Amag, 39 anos, que iniciou no pedal há 8 anos. Os trajetos eram lugares que, de carro, passariam despercebidos e, a pé, devido à distância, também não realizaria.


Conforme seguia praticando, além do tempo de reflexão, começou a se desafiar, percorrendo distâncias cada vez maiores, até que passou a integrar um “grupo de pedal”, como ele chama. Ao mencionar os desafios que já encarou, José diz que “a recompensa de todo esse esforço é a paisagem, a cada quilômetro pedalado, para qualquer lado que se olhe tem uma ‘obra de arte’ estampada”. Citando as regiões serranas, ele pontua que ainda que exijam mais, é possível “admirar com muita calma e isso se torna um combustível pelo que vem à frente”.


Arquivo pessoal / José Amag

Sobre rotas desafiadoras, José considera que a Serra do Rio do Rio do Rastro é um dos ‘pedais’ mais difíceis que já realizou, devido a distância e a elevação. Acompanhado de dois amigos e atingindo quase 6.000 metros de elevação, foram 786 quilômetros pedalados ao total. Para ele, os passeios de bicicleta são experiências que somam e promovem crescimento para o dia a dia de quem pratica: “a bicicleta te ensina disciplina, abrange um leque enorme de conhecimento na vida pessoal”.


Para aqueles que pensam em se aventurar com o cicloturismo, José deixa um recado: “é algo completamente apaixonante e te dá liberdade”. Além das conversas, amigos e momentos ímpares que acontecem somente nos pedais, como descreve, “cada um [vai] no seu tempo, no seu ritmo, desbravando nosso estado e quem sabe o nosso Brasil”.


Assim, não importa se você é iniciante ou profissional, se vai iniciar sozinho ou em equipe, importante mesmo é desfrutar do ambiente enquanto pedala. Basta um olhar atento e curioso e novas aventuras estarão pela frente.





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